17 de ago. de 2010

Atentado na Colômbia

Comité Permanente para a Defesa dos Direitos Humanos (Colômbia)

Para os que tinham ilusões que a mensagem do Prémio Nobel da Literatura Gabriel Garcia Marquez amplamente divulgada na imprensa ajudou a criar, aí estão de regresso, menos de uma semana depois da posse de Juan Manuel Santos, os métodos dos governos da oligarquia colombiana.
O Comité Permanente para a Defesa dos Direitos Humanos condena o atentado com um carro-bomba hoje de manhã, no cruzamento da estrada 7 com a rua 67, que afectou as povoações da zona, o comércio e a Radio Caracol.

Prende a atenção o facto deste atentado ter ocorrido justamente no início do governo de Juan Manuel Santos, quando se começam a normalizar as relações com a Venezuela, quando o Tribunal Constitucional estuda a inconstitucionalidade das bases militares norte-americanas, os anúncios da oposição de debater a existência de fossas comuns de dimensões catastróficas e, sobretudo, quando sectores da opinião pública sugerem a possibilidade de aproximações ao diálogo e novos esforços para uma saída para o conflito. Há que ver que interesses serve um atentado desta natureza.

Recordamos que em 19 de Outubro de 2006, vislumbrava-se então um encontro entre o governo e as FARC para encontrar saídas para o intercâmbio humanitário, igualmente rebentou um carro-bomba, nada mais nada menos que no interior da Escola Superior de Guerra, que não só frustrou o esforço para o diálogo como foi logo silenciado após o anúncio de investigações.

Este atentado tem a suspeição de uma provocação dos sectores mais à direita, nada estranho num país de auto-atentados, de um intenso trabalho dos organismos de segurança e da inteligência militar na fabricação de falsos-positivos, como os que foram denunciados nos tribunais judiciais sobre os escandâlos da DAS [1].

Exigimos uma verdadeira investigação, que vá ao fundo dos factos e que revele os verdadeiros beneficiários deste tipo de factos. Solidarizamo-nos com as vítimas.

Bogotá 12 de Agosto de 2006

Nota do tradutor:

[1] Falsos positivos eram os assassinados que eram apresentados como membros das FARC e por cujos corpos o governo pagava uma verba; DAS e a sigla do Departamento Administrativo de Segurança.


Tradução de José Paulo Gascão

: ODiario.info 

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