Flaskô: Fábrica ocupada e administrada por seus operários comemora 10 anos com festival
Joseane Lombardi
Em 12 de junho de 2013, a Fábrica Ocupada Flaskô, localizada no município de Sumaré (SP), completará 10 anos de luta pela estatização sob controle operário. Trata-se de uma grande resistência na defesa dos postos de trabalho e das conquistas sociais históricas da classe trabalhadora, sendo um importante instrumento de frente única, contribuindo para a construção do socialismo.
Diante do abandono patronal, que além de deixar de pagar os direitos trabalhistas também sucateou o patrimônio industrial, os trabalhadores da Flaskô, juntamente com os companheiros da Cipla e da Interfibra, de Joinville (SC), tomaram uma decisão histórica: ocupar a fábrica e retomar a produção sem o patrão, assumindo a gestão e dando início há uma luta internacional pela emancipação da classe operária.
Nesses 10 anos mostramos que, sem ter apropriação privada da riqueza, uma produção pode ter sua efetiva função social. Conseguimos apontar, concretamente, uma perspectiva de luta diante do fechamento das empresas. As conquistas sociais são de grande valia, como a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, para 30 horas semanais, seis horas diárias. É verdade que ao defendermos abertamente a expropriação dos meios de produção e o controle operário, somos duramente atacados pela burguesia, que nos vê como uma ameaça contra a lógica capitalista, mas também é verdade que ela também nos empurra ao buraco hora mais hora menos – na verdade a ocupação da Flaskô foi justamente uma resposta a um grave ataque dos patrões aos trabalhadores.
Muitos são os conflitos, com grandes batalhas, envolvendo grandes mobilizações, caravanas à Brasília, campanhas internacionais e, principalmente, solidariedade de classe. Da mesma forma, tivemos milhares de pequenas disputas cotidianas, fazendo o possível e o impossível para manter a atividade industrial com as bandeiras históricas que sempre defendemos. Tivemos algumas derrotas, mas inúmeras são as vitórias. Não tem sido fácil, em nenhum lugar. A luta continua…
Justamente por isso, precisaremos ainda mais da unidade e da garra da classe trabalhadora em todo o mundo para manter essa importante experiência.
História
A Flaskô, sediada no município paulista de Sumaré, é produtora de reservatórios e tonéis plásticos. Foi ocupada por seus funcionários em junho de 2003, após inúmeros pedidos de falência, embora esta nunca tenha-se concretizado, devido à resistência dos funcionários. A fábrica dos irmãos Anselmo e Luís Batschauer possuía grandes dívidas decorrentes de salários atrasados e encargos trabalhistas. A ocupação seguiu o que já havia ocorrido com outras empresas dos proprietários em Joinville (Cipla e Interfibra).
No caso da Flaskô, o administrador judicial foi expulso do local pelos próprios trabalhadores, decisão que foi tomada em assembleia pelos seus 58 funcionários.
Os funcionários têm feito passeatas para impedir leilões do maquinário para o pagamento de dívidas ou para impedir a penhora de quase todo o faturamento da empresa para pagar dívidas com a União. Não concordam com a transformação em cooperativa, a fim de não perder seus direitos trabalhistas. Trabalham politicamente para conseguir a estatização da empresa.
alexandremandl@yahoo.com.br – 55-19-8129-6637
pedro.santinho@uol.com.br – 55-19-9696-6379
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Festival Flaskô Fábrica de Cultura – Especial de 10 Anos de Ocupação
Esse é um ano histórico para a Fábrica Ocupada Flaskô, pois ela completa 10 anos de ocupação, resistência e luta no dia 12 de junho de 2013. Para brindar a todos e todas essa grande conquista, estamos preparando um grande evento comemorativo, o grande Festival 10 anos de Fábrica Ocupada Flaskô.
O Festival 10 anos contará com diversas atrações ao longo da semana de aniversário da Flaskô e será realizado um grande show com várias bandas no domingo, dia 9 de junho, onde pretendemos convidar atrações da região de Sumaré, além de bandas amigas, em uma grande atividade musical, dando o ponta pé inicial em nossas festividades.
Ao longo da semana, de 10 a 13 de junho, teremos um acampamento permanente na fábrica, com várias atividades e oficinas
No final de semana seguinte, de 14 a 16 de junho, voltaremos com nossa programação cultural, aos moldes dos festivais de cultura ocorridos em 2010, 2011 e 2012, com peças teatrais, bandas, debates, oficinas e muita festa! E exclusivamente neste ano de comemorações, contaremos no sábado com uma grande plenária discutindo o histórico e as perspectivas para a luta da Fábrica Ocupada Flaskô, contando com representantes de outras fábricas ocupadas da América Latina. Isso é imperdível e histórico!
Não é de hoje que a Fábrica Ocupada Flaskô vêm incentivando a produção cultural na região de Sumaré, interior de São Paulo, e agora, ao atingirmos 10 anos de ocupação, está na hora de mostrarmos a todos e todas que nos apoiaram ao longo desses anos, que vamos seguir firmes e fortes no nosso ideal de garantir os postos de trabalho, a moradia, e principalmente, o acesso gratuito e livre à cultura de qualidade.
Para que tudo isso possa se concretizar, novamente recorremos à plataforma do Catarse para conseguir a verba necessária para as atividades desse grande Festival de cultura e arte. Nossos gastos girarão em torno de:
● alimentação e estada para os grupos, debatedores, oficineiros e participantes ao longo do festival, nacionais e internacionais;
● transporte para os participantes;
● estrutura básica para a realização de oficinas, peças de teatro, dentre outros;
● estrutura para alimentação de todos os envolvidos e participantes do Festival.
Fica dado o recado, dia 9 de junho, e depois, dos dias 14 a 16 de junho, vamos comemorar juntos com o Festival 10 anos de Fábrica Ocupada Flaskô.
Ajude-nos com essa iniciativa, colaborando e principalmente, participando conosco!
Pré-programação do Festival 10 anos de Fábrica Ocupada Flaskô
O Festival 10 anos de Fábrica Ocupada Flaskô acontecerá do dia 9 ao dia 16 de junho de 2013 e comemorará a histórica marca de 10 anos de ocupação da Flaskô em 12 de junho deste ano. Para isso estamos preparando as estruturas necessárias para garantir alojamento e alimentação para aqueles que queiram “acampar” na Fábrica durante esse período, além de garantir diversas atividades durante esses dias. Segue abaixo um esboço da programação pensada para essa grande comemoração:
Dia 9 – domingo
13 horas – Sonora Musical – bandas confirmadas: Ktarse (Suzano/SP) e Campeonato de Skate na avenida, Com circo e miniquadra de futebol no campinho.
Dia 10 – segunda-feira
15 horas – Apresentação e visita monitorada à fábrica
19 horas – Cine Flaskô – com filmes que abordam a luta das Fábricas Ocupadas
Dia 11 – terça-feira
12 horas – Vivência na linha de produção da Flaskô.
20 horas – Roda de samba na chácara da Flaskô.
Dia 12 – quarta-feira
11 horas – Vivência na Rádio Luta e Fábrica de Esportes e Cultura – skate, futebol, pingue-pongue etc.
12 horas – Assembleia Geral dos Trabalhadores
13 horas – Festa de 10 anos
Dia 13 – quinta-feira
19 horas – Lançamento de Livros
21 horas – Sarau Hip Hop
Dia 14 – sexta-feira
15 horas – Oficina de Teatro do Oprimido com Felipe Araújo (Rio de Janeiro)
20 horas – Peça de Teatro
22 horas – Show
Dia 15 – sábado
10 horas – Encontro Internacional 10 anos de Controle Operário na Flaskô
19 horas – Confraternização e Acústico de Cordas
Dia 16 – domingo
Programação a definir
Oficinas permanentes: Oficina de Zine com Felipe Araújo e Batata
Exposições permanentes: Fotografias da Flaskô (vários autores) e Charges de 10 anos (vários autores)
Pela manutenção do emprego e dos direitos!
Pela redução da jornada sem redução no salário!
Pela estatização sob o controle operário!
A saída da crise é ocupar, resistir, produzir!
Grifo meu PK
Em Foz do Iguaçu, a hotelaria, os petistas ligados a usina hidroelétrica, a classe media policial e funcionários públicos de escalão, os comerciantes e os republicanos em geral, querem aprovar um projeto chamado Beira Foz; 21 km paralelo ao rio Paraná; asfaltado, com hotéis, bares, centros culturais, condomínios residenciais e policiamento. Estou sugerindo que nestes 21 km façam 100 ou 200 estufas sob o controle dos trabalhadores e suas organizações de classe. Estufas, ou galpões, enfim para trabalhos diversos: plantação (morango etc.), criação de animais, produção de charretes etc. A ideia não é a reforma do sistema, a ideia é que o trabalhador “assuma o projeto como seu”. Fico feliz em ver este tipo de matéria. Parabéns aos camaradas e companheiros Abs.
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